Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Da Kutaca veio o Novo Horizonte



Vista aérea do bairro Novo Horizonte (Santana-AP), onde destacamos o complexo industrial da empresa Amcel.



Em meados da década de 1960, já se podia observar algumas casas espalhadas nas proximidades da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Santana, que formavam uma das inúmeras comunidades que depois se tornaria um dos bairros mais antigos da cidade portuária do Amapá. No local havia apenas um velho cemitério na beira do rio Amazonas que logo foi substituído por um novo em junho de 1977, época em que a Portobrás obteria grande parte de uma área nas margens do rio. O local era conhecido como “Vila Kutaca” ou “Confusão”, devido ao desordenamento de casebres que se espalhavam entre a atual Rua Cláudio Lúcio Monteiro e o prédio do Fórum de Santana.

Em maio de 1978, o então Governo Territorial do Amapá (diga-se o Capitão de Mar-e-Guerra Arthur Henning), juntamente com a Prefeitura de Macapá (seu conterrâneo Cleiton Figueiredo), remanejam 428 famílias que moravam nessas áreas da Vila Kutaca, bem nas imediações do rio Amazonas, para ali ser construído o futuro Porto Comercial de Macapá. As famílias retiradas foram transferidas para uma nova área inserida aos arredores da Vila Dr. Maia, que depois seria denominada de bairro “Nova Brasília”, por se tratar de projeto vindo da capital Federal do Brasil. Somente nessa retirada, o Governo do Amapá gastou em torno de CR$ 7 milhões de cruzeiros.

O Surgimento – Em meados de 1988, alguns casebres começavam a surgir novamente em uma pequena travessa (que hoje é denominada Travessa Odércia Marques Pereira), ficando espalhados em becos de passagem, sendo até difícil o tráfego de veículos e pedestres pelo local.

Com a emancipação política de Santana e a eleição de Rosemiro Rocha para o cargo de prefeito de Santana, o mandatário solicitou junto à então Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (SOSP) que elaborasse um projeto para a desapropriação e ocupação de uma nova área para aqueles que residiam na já conhecida região do bairro “Novo Horizonte”, nome este colocado por pessoas que possuíam casas ao lado do antigo cemitério, quando ali também chegou a ser pouco chamada de “Vila Tumucumã”.

Em 22 de novembro de 1989, técnicos enviados pela SOSP/PMS começaram a intervir no local. Com o total apoio da comunidade residente, 15 servidores municipais e máquinas, foi procedida a retirada de 135 casas de madeira e a remoção de outras 83 armações que seriam transferidos para lotes definitivos e padronizados (com implantação de ruas e avenidas).

De acordo com a Prefeitura, o trabalho de urbanização do novo bairro santanense beneficiou cerca de 400 famílias carente que haviam inicialmente invadido uma área de 389m². para garantir a autonomia pública da área, o prefeito Rosemiro Rocha sancionou a Lei Municipal nº 024/89-PMS, que autorizou o Poder Executivo a tornar de utilidade pública a extensa área, na qual media 22.100m², limitando-se a leste com a cerca da Marinha, a Oeste com o Igarapé do Cemitério, ao Norte com o braço direito do Igarapé do Cemitério e ao sul com o rio Amazonas, ressalvadas somente as área da Marinha. Após quatro meses de intensos trabalhos (concluídos em 07 de abril de 1990), a Prefeitura de Santana totalizou a existência de quase 550 pessoas.

Vale ressaltar que, em 10 de abril de 1988, um grupo de moradores residentes nesse vilarejo de casas, se reuniu e fundou a Associação de Moradores do Bairro Novo Horizonte, elegendo o Sr. Osvaldo Nunes Guimarães como seu 1º Presidente. Porém, esta instituição não-governamental ficou sem realizar qualquer atividade social por quase 03 anos, sendo novamente reorganizada em 12 de fevereiro de 1994, agora na presidência de Henrique Miranda da Silva.

Benefícios Sociais – Até 1993, o bairro Novo Horizonte não possuía qualquer estabelecimento de ensino para orientar na educação dos filhos dos moradores, até que o então governador do Amapá, Comandante Anníbal Barcellos entregou, em 02 de julho de 1993, a sua 1ª instituição de educação do bairro, denominada “Pré-escolar Novo Horizonte”, que começaria atendendo 246 alunos distribuídos em 11 turmas de educação infantil. Somente em 1995, a escola passaria a lecionar o Ensino Fundamental e receberia o nome de “Escola Estadual Maria Catarina Dantas Tiburcio”, homenagem a uma grande educadora que residiu próximo da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Em 18 de março de 2008, é inaugurada a Escola de Educação Básica “Benedito de Jesus Cardoso”, que atende hoje cerca de 170 crianças na faixa etária de 03 a 05 anos.

Com o passar dos anos, o bairro foi ganhando maior atenção das autoridades políticas e privadas, sendo que atualmente possui uma arena de futebol medindo cerca de 220m² (construída em 2007 pelo Governo Estadual) e a adaptação de uma nova escola para o bairro, sem deixar de falar que nele estão situadas algumas empresas como a Amcel, a Frimap, a Mineração Vila Nova e a Companhia Docas de Santana (CDSA).

Para aqueles que residem há pelo menos duas décadas em um dos bairros mais conhecidos de Santana, pode-se dizer que ele não apenas convivem com a carência de melhor atenção do Poder Público, mas possuem consigo um pedaço da história de construção de um lugar que espera mais que novas soluções para o bairro que chamam de “Novo Horizonte”.

35 anos da empresa AMCEL





Em 26 de agosto de 1976, um grupo de trabalhadores do setor de produção agrícola da Indústria e Comércio de Minérios Ltda (Icomi), realiza uma assembléia acionária, onde é constituída a Amapá Florestal e Celulose S/A (Amcel).

Seu desenvolvimento na região inicia na localidade de Porto Grande, situada a 110 km de Macapá (AP), onde ali foi implantado um projeto voltado ao plantio de pinus nos campos cerrados amapaenses, quando até então, não consistia sob qualquer utilização econômica. Sua meta visa a formação de um maciço florestal de pinus de 80.000 hectares, no então Território Federal do Amapá, em uma área de cerca de 160.000 hectares, dentro de programas anuais de plantio de 7.000 hectares.

Em primeiros passos, ainda em sua fase de pré-operações, a empresa esteve realizando atividades através de prestação de serviços, principalmente com empresas ligadas ao Grupo construído pelo Engenheiro industrial Augusto Trajano de Azevedo Antunes (refere-se ao Grupo Caemi). Seu quadro inicial possuía cerca de 150 funcionários. Nos princípios da década de 1980, empresas como a CODEPA (Companhia Dendê do Amapá), estiveram integrando o grupo acionário da Amcel, com um percentual de 16 a 25%.

O Plantio e Cultivo Florestal - Esse trabalho foi procedido através de pesquisas sobre o solo e adubações para compensar a grande pobreza nutricional do solo, quando na época era utilizado o método de plantio e mecanização agrícola. Segundo relatórios do período, era tão grande o grau de desconhecimento sobre o solo do cerrado local, pois não havia paralelo em outra região com as mesmas características do projeto.

As condições topográficas fizeram-se necessárias desde o início de seu cultivo comercial em 1977, onde houve o uso intensivo de mecanização em todas as etapas da operação florestal, resultando em maior eficiência e melhor controle das operações.

Devido às orientações repassadas por técnicos da empresa (Amcel), que estavam diretamente envolvidos no projeto, ficou decidida apenas a ocupação dos platôs do cerrado, deixando intactos todos os baixios, matas de galeria, margens e nascentes dos rios, além de combate a incêndios e combate à caça, contribuindo decisivamente para preservação e o aumento da fauna silvestre na região.

A Amcel modernizou a forma de produção de mudas em raiz nua, no preparo do solo e no plantio inteiramente mecanizado. Outra inovação, pioneira no país, foi a exploração mecanizada de árvores inteiras, com uso de equipamentos especiais, denominados "feller-bunchers, skaidders e guindastes florestais" com grande capacidade, com aproveitamento total da árvore e conseqüente redução de desperdícios.

Em junho de 1979, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) aprovou um projeto apresentado pela Amcel para o plantio de pinus em uma área de 2.000 hectares, situados no Território do Amapá, com recursos capitalizados do Fundo de Investimentos Setoriais (FISET) & Florestamento, através de sociedade em Conta de Participação.

De acordo com o Balanço Anual da empresa, até os fins de dezembro de 1982, as florestas implantadas pela Amapá Florestal e Celulose S/A (Amcel) já totalizavam 34.830 hectares. Sendo que a implantação dos Projetos Amcel 04 e 05, em uma área de 3.750 hectares, com recursos diretos do FISET & Florestamento foram concluídos com sucesso.

Em 1984, a Amcel inicia a implantação de um projeto de um banco clonal, que é um pomar de sementes geneticamente melhoradas, com material genético selecionado de suas melhores árvores, visando sua auto-suficiência em sementes de pinus.

Em janeiro de 1987, a companhia inicia a exploração florestal dos maciços mais antigos plantados no ano de 1976. Parte dessa floresta cultivada (26.961 hectares de áreas divididos em 21 projetos) foi implantada com recursos do FISET. O início da operação florestal possibilitou a comercialização de 242.426 toneladas de madeira em toras.

A polêmica aquisição de suas terras - Os projetos apresentados pela AMCEL ao governo brasileiro solicitaram um financiamento médio de US$ 550 dólares por hectare plantado; ou seja, 12 milhões de dólares para um total de 22.252 hectares financiados. Enquanto a AMCEL pediu pelo empréstimo contraído junto a Marubeni Corporation, avaliou sua propriedade com 90.000 hectares plantados com um valor total de US$ 12,5 milhões de dólares. Cada hectare foi avaliado em 139 dólares, ou seja, quatro vezes mais menos do que o valor do recurso público que recebeu do Estado para realizar a monocultura e o “desenvolvimento do Amapá”.

Segundo Lima (¹) relata uma série de atos e manifestações da população local questionando o processo de ocupação dessas terras. Segundo o autor, até agosto de 1996 não se observou novas alterações nos registros das parcelas[11]; mas sabe-se que o grupo econômico que adquiriu o AMCEL continuou expandindo suas plantações sobre terras federais ou sobre as posses dos pequenos ocupantes acima do rio de Araguari, passando a constitui-se no maior bloco de reflorestamento contínuo do Brasil. Em seguida, algumas observações destacadas pelo autor:

Em 1978, o INCRA, promove a primeira alienação de terras no Amapá por meio de Concorrência Pública INCRA/DF/No 01/78[12]. Entre as cláusulas da concorrência figurava uma muito importante, segundo a qual, cada companhia poderia somente concorrer a uma única parcela. Todavia já prevendo o projeto da floresta da AMCEL, fundada em agosto de 1976, empresa do Grupo CAEMI participou com várias proposta. Até aquele momento, o maior dos investidores no Amapá, apresentou proposta para a aquisição de seis parcelas, forjando a participação das empresas do grupo, ou sob o seu controle acionário, na compras das terras: COPRAM Empreendimentos e Participações (12,70% do total da terra); Indústria e comércio de Minério S/A (ICOMI) (10.82%); Mineração Itapagé Ltda (9,15%); Mineração Itamira Ltda (7.80%) e a Mineração Itacurrussá (7.30%), além, do AMCEL (15,40%). Tudo totalizou 63,17% das terras postas à venda.

Em 14 de novembro de 1978, o INCRA estabeleceu o contrato de compra-venda das terras com as empresas do grupo CAEMI, enquanto assegurava os direitos dos superficiários que residiram naquelas parcelas. Cinco anos depois, em 14 de dezembro de 1984, todas as parcelas vendidas seriam dotadas de Título Definitivo de propriedade do INCRA. Não obstante, AMCEL passaria para ser a única controladora de um total de 155.577 hectares da terra entre o km-50 da BR-156 e o rio de Araguari. Como em outras ocasiões, a quantidade de terras aumentou em 11%, ou seja, 171.987 hectares, devido os efeitos demarcatórios.

Em 10 de março de 1993, AMCEL hipotecou essas terras e todas as plantações, que foram avaliadas em 15 milhão dólares (5 milhões pela terra nua e 10 milhões pelas árvores plantadas), em troca de um empréstimo de US$ 8 milhões que contraiu junto à empresa japonesa Murubeni Corporation com prazo de 5 anos para a amortização da dívida. Este empréstimo foi usado para a construção de uma fábrica para a produção do cavaco a partir das árvores de pinus caribea. O montante do empréstimo foi desembolsado em uma única estadia, quanto ao pagamento seria feito a longo prazo com juros de 2% ao ano, regulado pelo mercado interbancário de Londres, “Libor Rate”.

A AMCEL hipotecou as terras obtidas da Mineração Itapagé Ltda. Sendo que outra parte de 340 hectares arrendou à. Das terras obtidas diretamente pela AMCEL, estava a parcela de 8.862, 80 hectares, arrendadas também ao CFA. Do bloco de terras compradas da COPRAM, dispões 7.000 hectares arrendas à CODEPA e outra parcela de 4.598, 36 hectares arrendada à CFA.

Em 1993, o Grupo CAEMI vendeu a empresa CODEPA à Companhia de Palma do Amapá Ltda. (COPALMA), aquisição que incluiu uma parcela de 8.010 hectares. Na Escrita Pública da compra e da venda, a CODEPA alegava ser “legítima e possuidora de uma parcela rural de tal dimensão”. Realmente, consta que a matricula COPRAM foi desmembrada em duas glebas, a Flexal e a Platon, com superfícies de 2.101 e 4.728 hectares respectivamente, e que juntas somariam 6.829 hectares. De onde saíram os 1.010 hectares da diferença entre o arrendamento a venda da CODEPA à COPALMA? Poder-se-ia argumentar que ocorreu invasão de terras públicas?

A burla das cláusulas contratuais que impediram a AMCEL para vender ou transferir suas propriedades hipotecadas gerou uma oportunidade do negócio nas mãos da Marubeni. Entre 1979 e 1986, as terras foram usadas pela AMCEL para obter financiamento público. Por esta razão, a companhia plantou 30.776 hectares com recursos próprios e 22.252 hectares (33,7%) com os incentivos fiscais do governo federal. Para cada três hectares plantados, um hectare foi plantado com dinheiro público, o equivalente a 32 milhões de árvores equivalentes.

A Fábrica de Cavacos - Através da Resolução n. 025/86 do dia 25 de fevereiro de 1986, a Empresa Brasileira de Portos (Portobrás) autoriza a construção e exploração de um atracadouro privativo pela Amapá Florestal e Celulose S/A (Amcel), em Porto de Santana. O objetivo seria sua exportação direta do produto extraído da região florestal do Amapá, evitando assim, sua dependência por parte de outras empresas que também utilizavam de cais.

A partir de 1991, a Companhia começa os estudos de viabilidade de exportação de insumo básico para fabricação de celulose. O interesse parte após um intenso levantamento realizado pela empresa que fornecia diariamente madeira para a Companhia Florestal de Monte Dourado S/A desde 1988.

Em 20 de fevereiro de 1992, a Amcel assina um contrato com a Companhia Docas do Pará (CDP) para utilizar o porto viário de Santana durante os primeiros 10 (dez) anos. O contrato começa a ter validade a partir do dia 01 de março do corrente ano. De imediato, iniciaram-se as obras civis para a instalação de uma moderna fábrica de cavacos naquele porto, onde houve a montagem de uma corrêia transportadora e um carregador de navios com altura de 23 metros no referido ancoradouro.

O investimento inicial para implantação dessa fábrica custou um montante de 18 milhões de dólares, sendo que a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) contribuiu com empréstimos no valor de quatro milhões de dólares. Na tarde do dia 22 de setembro de 1992, a Amcel começa a fazer os primeiros testes operacionais em sua Fábrica de Cavacos em Santana.

Em 17 de dezembro de 1992, com a presença de diversas autoridades políticas e sociais, ocorre a inauguração oficial da fábrica de cavacos de madeira da Amcel, com tecnologia pioneira em toda a América Latina. Com esse fato, os cavacos de pinus destinam-se exclusivamente à exportação, área que exerceu um papel pioneiro no Brasil.

Na época, o produto era pouco conhecido no país, mas possuindo um alto valor de cota internacional em um mercado de cerca de 30 milhões de metros cúbicos anuais. Seus primeiros compradores eram Japão e Estados Unidos, países escandinavos e, em menor escala a França e a Itália.

A venda da Amcel - Em 20 de novembro de 1996, um contrato celebrado entre a Champion Papel e Celulose Ltda, a Jata Administração e Participações S/A e a Companhia Auxiliar de Empresas de Mineração (Caemi), confirma a venda da Amcel, pertencente à Icomi, para o Grupo Champion. Segundo este contrato, as eventuais contingências de natureza cível, tributária, trabalhista e ambiental, relacionadas à gestão anterior, passam a ser de responsabilidade de seu novo controlador acionário.

Com isso, mediante um contrato de compra e venda, a Champion Papel e Celulose Ltda adquirem o controle acionário da Amapá Florestal e Celulose S/A (91.661.745 ações, correspondentes a 81,53% do capital social). Nessa ocasião, a nova subsidiaria da Companhia adquiria 74.520 hectares de áreas plantadas, sendo que parte da floresta cultivada alcançava 12.544 hectares divididos em 12 projetos.

No ano seguinte (1999), A Amcel transfere a titularidade sobre as cotas da Amcel Morada Nova Ltda para a Champion Papel e Celulose Ltda.

Em 19 de junho de 2000, a multinacional Champion Papel e Celulose Ltda é incorporada ao grupo privado International Paper (IP) do Brasil, produtora do papel “Chamex”. No dia seguinte, a diretoria executiva da IP do Brasil faz sua primeira visita oficial às instalações da Champion Papel.

Em 15 de fevereiro de 1998, A Amcel obteve um parecer da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), para o início da formação de florestas de eucaliptos, totalizando 32.217 hectares implantados até 31 de dezembro de 2000, (23.180 em 31.12.1999).

Em 22 de setembro de 2003, a Amcel doa uma extensa área produtiva, situada no Porto do Céu, para o Governo do Estado Amapá, visando a ampliação do Distrito Industrial em Santana.

Repassada para Multinacional nipônica - Em 26 de dezembro de 2006, a International Paper do Brasil firmou o contrato de venda da empresa Amapá Florestal e Celulose S.A. (Amcel), subsidiária exportadora de cavacos de madeira e biomassa localizada em Santana, AP, à Marubeni Corporation e à Nippon Papers Industries Co. Ltda.

Os negócios da Amcel englobam, aproximadamente, 67 mil hectares de florestas plantadas de pinus e de eucalipto nos municípios amapaenses de Santana, Tartarugalzinho, Porto Grande, Ferreira Gomes, Macapá e Itaubal do Piririm, além da produção de cavacos e biomassa.

A Amcel contribuiu de maneira consistente com a IP, com altos índices de produtividade. Seus profissionais, seus produtos de qualidade e uma extraordinária relação comercial com os clientes são características de destaque.

“O sucesso das operações da Amcel não seria possível sem a colaboração dos seus profissionais, que são extremamente competentes, talentosos e comprometidos com as estratégias de negócios da IP no Brasil. Este é o maior dos patrimônios que os novos controladores herdarão: o valor e profissionalismo do quadro de colaboradores da Amcel”, afirmou Maximo Pacheco, presidente Executivo da IP Brasil.

Empregando aproximadamente 1.000 profissionais (entre próprios e prestadores de serviços) especializados no segmento, a Amcel é comprometida com a saúde, segurança e qualidade de vida de seus colaboradores, apoiando as comunidades. Desde 2003, investiu mais de R$ 1,4 milhão em ações sociais em Santana e também nos municípios de Tartarugalzinho, Porto Grande e Ferreira Gomes, que resultaram numa efetiva melhora na qualidade de vida das populações.
A venda da Amcel é importante e estratégica para o Plano de Transformação Global da IP, iniciado em 2005, que estabelece como foco dos negócios os papéis para imprimir e escrever e as embalagens.


FONTES:
- Cavacos, Revista. Publicação trimestral da empresa International Paper do Brasil. Edição de Janeiro/Fevereiro de 2007.
- (¹) LIMA, Ricardo Ângelo Pereira de. Antropizacion, dinámicas de ocupación del territorio y desarrollo en la Amazonia Brasileña: El caso del Estado de Amapá. Bellaterra: Universitat Autònoma de Barcelona, 2004. (Tese de doutoramento).

domingo, 16 de outubro de 2011

Santana, uma cidade premeditada?

O Jornal “AMAPÁ” (órgão oficial de comunicação do extinto Governo do Território Federal do Amapá) reproduziu um curioso artigo em sua edição semanal do dia 25 de agosto de 1951 (edição 337), onde descreve detalhes da formação urbana e econômica de uma cidade às margens do rio Amazonas, que posteriormente a conheceríamos como nossa cidade de Santana.

A matéria apresenta registros sobre os procedimentos que vinham sendo tomados para a construção do futuro porto de embarque de minérios e um plano urbanístico para acomodar seus moradores adjacentes.





Surgirá Uma Cidade Portuária no Amapá

O Porto de Santana vai sendo erguido, em obediência ao que de mais moderno se conhece no gênero – dentro de três anos, calcula-se o término das obras – como se fará o escoamento do manganês.



O porto do Amapá está sendo erguido no município de Macapá, a cerca de 20 quilômetros da capital do Território. Sua localização obedece às condições técnicas exigidas para o levantamento dos grandes portos brasileiros, condições inexistentes em frente à cidade-capital, mas encontradas em circunstâncias vantajosas no local escolhido. Fica situado entre a Ilha de Santana e a margem esquerda do Amazonas, constituindo-se de um “píer” e da zona de manobras as profundidades máximas atingem 60 metros, ficando a ilha como contraforte protetor contra os ventos e as vagas do Oceano.

Cidade Portuária


Por outro lado, a zona do porto terá armazéns de concreto armado, doca para atracação de barcos menores, parques para madeiras e combustíveis, depósitos para petróleo e gasolina, parque ferroviário e rodoviário, indo as locomotivas e composições rodoviárias até as proximidades do transbordo de carga, diretamente. Será dotado, também, de edifícios administrativos e residenciais, além de já estar prevista a construção urbanística, para prevenir o aparecimento da futura cidade portuária.

Planos Aprovados


Os estudos procedidos pela Divisão de Obras Públicas do Território tiveram já aprovação do Departamento Nacional de Portos, Rios e Canais, do Ministério da Viação e do Presidente da República, estando o projeto em plena execução, para receber retoques finais, segundo nos informam pessoas autorizadas, dentro de, no máximo, três anos.

Concomitantemente, processa-se a construção do porto de minérios, em harmonia técnico-administrativa do Governo do Amapá com os técnicos brasileiros e norte-americanos da ICOMI, companhia concessionária da exploração das jazidas de manganês, a construção do porto a ser exclusivamente usado para embarque de minérios. A Companhia Morrisson Freeman, dos Estados Unidos, apresentou o ante-projeto das referidas instalações, obras magníficas, utilizando processos de embarque rápido de manganês e ferro em navios de 12.000 toneladas e possivelmente de calado até 25.000 toneladas.

Dados Técnicos


As instalações serão constituídas de “dolfings” de aço onde atracarão os navios mineiros. Uma prancha distribuidora carregará os navios, abastecida por minério vindo em correias transportadoras de depósitos de grande capacidade, por sua vez abastecidos por grandes guindastes rolantes.

O porto de minérios disporá também de grandes edifícios de concreto e aço, para oficinas, armazéns, escritórios, hotel e residência, além das usinas elétricas e depósitos de combustíveis.

O Governo do Território, em colaboração com os técnicos americanos, procede intensamente aos estudos para a construção imediata da Estrada de Ferro, com cerca de 150km, utilizando até a aerofotogrametria. Esta estrada ligará as minas ao porto de Macapá. De acordo com o contrato estabelecido, o Governo do Amapá contará com uma grande tonelagem nos vagões da ICOMI, que utilizará para o transporte, sobretudo de produtos das ricas matas de madeiras de lei, que serão industrializadas.

A par com a hidro-elétrica que se projeta levantar no Paredão do Araguari, o porto de Macapá é um dos futuros sustentáculos da grandeza econômica daquela região que Janary Nunes vai erguendo do nada.




Nota – Tal matéria foi originalmente publicada no jornal “Folha do Norte”, de Belém (PA), no dia 22 de agosto de 1951, e posteriormente publicado no jornal “AMAPÁ”, três dias depois.

sábado, 15 de outubro de 2011

A histórica eleição municipal de 1996

População tumultuada, em frente ao Ginásio Poliesportivo de Santana, local onde ocorria as contagens de votos da eleição de 1996.



Há pouco mais de 15 anos, ocorreu no município de Santana uma das eleições mais comentadas de sua história. Tudo em virtude de possíveis favorecimentos indicados em pesquisa eleitoral, mas que acabaram sofrendo por controvérsias nos resultados das urnas.

Tudo começou no início do ano de 1996, quando diversos partidos já buscavam formalizarem alianças políticas para concorrerem na terceira eleição municipal de Santana. Ao todo, foram 04 candidatos que oficialmente candidatura para o cargo majoritário do município, porém, dois desses candidatos logo caíram sobre a preferência do povo santanense: Rosemiro Rocha (PL) e Judas Tadeu Medeiros (PSDB).

O primeiro foi vereador pela capital amapaense em duas legislaturas e ainda foi o primeiro prefeito eleito de Santana (1989-1992), estando nesse período agora como Deputado Estadual; enquanto que o outro já havia assumido diversos cargos de confiança, sob indicação de ex-prefeitos de Macapá e nessa época exercia o mandato de vereador santanense, estando licenciado do cargo para concorrer acirradamente com um adversário que, segundo pesquisas extra-oficiais, carregava a preferência do eleitorado santanense.

No dia 29 de março daquele ano, uma convenção política foi realizada nas dependências da antiga sede social do Independente Esporte Clube, contando com a presença de 08 dos 11 partidos que já haviam diretórios partidários em Santana, onde homologaram o nome do deputado estadual Rosemiro Rocha Freires como candidato à Prefeitura Municipal de Santana.

O ato, que também contou com cerca de 6 mil pessoas, recebeu o expressivo apoio de outras grandes lideranças políticas do Estado, como os deputados federais Valdenor Guedes e Antônio Feijão, dos senadores Gilvam Borges e José Sarney e até do então prefeito de Santana Geovani Borges, que reforçaram a sua candidatura pro serem políticos com grande prestígio junto à comunidade santanense.

No lado do médico Judas Tadeu Medeiros havia apenas o apoio formulado entre o PMDB e PSDB, entretanto, Judas Tadeu procurou manter sua popularidade através das boas relações com líderes comunitários e inúmeros correligionários. Somente em meados de julho que o médico Judas Tadeu formalizou com um grande aliado: o então governador do Amapá João Alberto Capiberibe anunciou seu apoio político com aquele vereador santanense.

Em 11 de agosto (1996) iniciou-se a campanha política em Santana, onde mais de 80 candidatos de “se jogaram nas ruas” em busca de conquistarem todo e qualquer eleitor, visando uma das 13 cadeiras disponíveis no legislativo local. Foram dezenas de reuniões comunitárias e comícios espalhados pelos 04 cantos da cidade portuária, e muitos até se prolongavam pela madrugada. Em paralelo com a campanha, também estavam os fiscais do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE/AP) que chegaram a recolher diversos tipos de materiais que seriam utilizados na compra de votos: eram cestas básicas, dúzias de telhas e madeiras, assim como volumosas notas monetárias que possivelmente serviriam para o pagamento na chamada “boca de urna”.

No final de agosto, foi divulgada a 1ª pesquisa extra-oficial que indicou Rosemiro Rocha como favorito para a Prefeitura de Santana, estando com mais de 30% de chances à frente do 2º colocado, que era o médico Judas Tadeu. Em meados do mês de setembro, circulou uma segunda pesquisa (realizada pelo Jornal do Dia) que agora colocara Rosemiro Rocha como candidato pré-eleito à sucessão de Geovani Borges, estando com quase 50% na preferência do eleitor santanense, enquanto Judas Tadeu não alcançara 26% da intuição eleitoral.

Porém, o que as duas pesquisas indicavam para Santana, acabou-se por sofrer uma revira-volta política. No dia 04 de outubro, ocorreu o tão esperado pleito eleitoral, onde mais de 21 mil eleitores compareceram nas mais de 25 seções espalhadas nas áreas urbanas e rurais de Santana, encerrando a votação por volta das 17 horas daquela sexta-feira ensolarada.

Logo depois que encerrou-se a votação, as urnas foram sendo encaminhadas para o Ginásio Poliesportivo da cidade, local escolhido na 6ª Zona Eleitoral de Santana para serem apurados os votos. Como o processo de contagem de votos ainda era por cédulas, os mais de 40 mesários tiveram certa dificuldade para concluir a contagem individual dos votos, sendo preciso paralisarem a contagem às 23hs, prosseguindo no dia seguinte a partir das 08hs da manhã. Mas ainda no mesmo dia iniciado pela apuração, aconteceu a surpresa que muitos nem esperavam: o médico e então vereador santanense Judas Tadeu Medeiros conquistou mais de 50% da votação válida, consolidando sua vitória para assumir a Prefeitura Municipal de Santana, com 11.823 votos contabilizados a seu favor.



Eleito prefeito, médico Judas Tadeu saiu em comemoração, ao lado do então senador amapaense Sebastião Bala



Quando o Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE/AP) anunciou o encerramento da apuração dos votos (passava das 14hs do domingo), o novo prefeito eleito saiu em carreata pelas ruas e avenidas da cidade, trazendo um enfileirado comboio de correligionários em comemoração à sua vitória.

Junto com o candidato Judas Tadeu, também foram eleitos os seguintes vereadores para o período de 1997-2000: Diogo Ramalho (PMDB) com 660 votos, Benedito Afonso Silva de Farias (PSD) com 393 votos, Claudomiro de Moraes Guedes (PSDB) com 485 votos, Francisco das Chagas Soares Rêgo (PFL) com 496 votos, Izael Cunha Leão (PFL) com 345 votos, Rainildo do Carmo Aguiar (PDT) com 438 votos, João Batista Santana Tavares (PDT) com 568 votos, José Antônio Nogueira de Souza (PT) com 656 votos, Josivaldo Abrantes dos Santos (PL) com 584 votos, Paulo Sérgio da Silva Melo (PSDB) com 553 votos, Paulo Sérgio Lobato Nunes (PL) com 372 votos, e João Batista Bezerra Nunes (PMDB) com 690 votos.



O jovem professor Antônio Nogueira foi um dos novos nomes a serem formados para a legislatura municipal