Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



domingo, 16 de outubro de 2011

Santana, uma cidade premeditada?

O Jornal “AMAPÁ” (órgão oficial de comunicação do extinto Governo do Território Federal do Amapá) reproduziu um curioso artigo em sua edição semanal do dia 25 de agosto de 1951 (edição 337), onde descreve detalhes da formação urbana e econômica de uma cidade às margens do rio Amazonas, que posteriormente a conheceríamos como nossa cidade de Santana.

A matéria apresenta registros sobre os procedimentos que vinham sendo tomados para a construção do futuro porto de embarque de minérios e um plano urbanístico para acomodar seus moradores adjacentes.





Surgirá Uma Cidade Portuária no Amapá

O Porto de Santana vai sendo erguido, em obediência ao que de mais moderno se conhece no gênero – dentro de três anos, calcula-se o término das obras – como se fará o escoamento do manganês.



O porto do Amapá está sendo erguido no município de Macapá, a cerca de 20 quilômetros da capital do Território. Sua localização obedece às condições técnicas exigidas para o levantamento dos grandes portos brasileiros, condições inexistentes em frente à cidade-capital, mas encontradas em circunstâncias vantajosas no local escolhido. Fica situado entre a Ilha de Santana e a margem esquerda do Amazonas, constituindo-se de um “píer” e da zona de manobras as profundidades máximas atingem 60 metros, ficando a ilha como contraforte protetor contra os ventos e as vagas do Oceano.

Cidade Portuária


Por outro lado, a zona do porto terá armazéns de concreto armado, doca para atracação de barcos menores, parques para madeiras e combustíveis, depósitos para petróleo e gasolina, parque ferroviário e rodoviário, indo as locomotivas e composições rodoviárias até as proximidades do transbordo de carga, diretamente. Será dotado, também, de edifícios administrativos e residenciais, além de já estar prevista a construção urbanística, para prevenir o aparecimento da futura cidade portuária.

Planos Aprovados


Os estudos procedidos pela Divisão de Obras Públicas do Território tiveram já aprovação do Departamento Nacional de Portos, Rios e Canais, do Ministério da Viação e do Presidente da República, estando o projeto em plena execução, para receber retoques finais, segundo nos informam pessoas autorizadas, dentro de, no máximo, três anos.

Concomitantemente, processa-se a construção do porto de minérios, em harmonia técnico-administrativa do Governo do Amapá com os técnicos brasileiros e norte-americanos da ICOMI, companhia concessionária da exploração das jazidas de manganês, a construção do porto a ser exclusivamente usado para embarque de minérios. A Companhia Morrisson Freeman, dos Estados Unidos, apresentou o ante-projeto das referidas instalações, obras magníficas, utilizando processos de embarque rápido de manganês e ferro em navios de 12.000 toneladas e possivelmente de calado até 25.000 toneladas.

Dados Técnicos


As instalações serão constituídas de “dolfings” de aço onde atracarão os navios mineiros. Uma prancha distribuidora carregará os navios, abastecida por minério vindo em correias transportadoras de depósitos de grande capacidade, por sua vez abastecidos por grandes guindastes rolantes.

O porto de minérios disporá também de grandes edifícios de concreto e aço, para oficinas, armazéns, escritórios, hotel e residência, além das usinas elétricas e depósitos de combustíveis.

O Governo do Território, em colaboração com os técnicos americanos, procede intensamente aos estudos para a construção imediata da Estrada de Ferro, com cerca de 150km, utilizando até a aerofotogrametria. Esta estrada ligará as minas ao porto de Macapá. De acordo com o contrato estabelecido, o Governo do Amapá contará com uma grande tonelagem nos vagões da ICOMI, que utilizará para o transporte, sobretudo de produtos das ricas matas de madeiras de lei, que serão industrializadas.

A par com a hidro-elétrica que se projeta levantar no Paredão do Araguari, o porto de Macapá é um dos futuros sustentáculos da grandeza econômica daquela região que Janary Nunes vai erguendo do nada.




Nota – Tal matéria foi originalmente publicada no jornal “Folha do Norte”, de Belém (PA), no dia 22 de agosto de 1951, e posteriormente publicado no jornal “AMAPÁ”, três dias depois.

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